Universidade
Federal de Pelotas Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação |
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CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Dados do Projeto | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Código: 8.02.10.021 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Título do Projeto Testemunho, violência, trauma, catástrofe e guerra nas literaturas de língua portuguesa |
Data de cadastro 13/11/2009 |
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Unidade |
Departamento |
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Objetivos 2.1 Objetivos Geral: Analisar as condições teóricas, discursivas, históricas e ideológicas em torno da literatura do trauma ou catástrofe, notadamente a guerra , bem como outros atos de violência estatal. Específico: Estudar, a partir das categorias pertinentes à literatura do trauma ou catástrofe, textos literários de língua portuguesa em suas articulações intertextuais com textos; analisar narrativa de autores portugueses e africanos de língua portuguesa relacionados aos eventos traumáticos da Guerra Colonial Portuguesa e das Guerras de Descolonização Africana dos PALOPs, incluso os conflitos armados pós-independência. |
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Subárea de conhecimento 8.02.10.00-7 (CNPq) |
Grupo de Pesquisa do Coordenador Estudos Comparados de Literatura, Cultura e História |
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Prazo de execução 36 meses |
Início 26/11/2009 |
Término 26/11/2012 |
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Fonte financiadora |
Valor liberado R$ 0,00 |
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Envolve experimentação com modelos animais?
NÃO -
Registro no CEEA: Envolve experimentos utilizando vírus, microorganismos patogênicos, ou organismos geneticamente modificados? NÃO Possui Certificado de Qualidade em Biossegurança ou em processo de qualificação? NÃO |
Resumo: No centro da reflexão sobre a literatura do trauma ou catástrofe encontra-se a noção de testemunho. Essa fundamental articulação decorre, naturalmente, da percepção de que é a testemunha ocular que registra, recuperando a memória de sua experiência, o evento traumático. É a partir, pois, da compreensão ou alcance dos conceitos de testemunha e de evento traumático que as duas principais correntes metodológicas, no âmbito da problematização teórica, definem-se e seus corpora de análise são constituídos: testemunho na acepção de Zeugnis (nos estudos das memórias dos sobreviventes de genocídios, em particular o Holocausto) ou na de testimonio (nas pesquisas dos relatos de perseguidos políticos, sobretudo no contexto das ditaduras latino-americanas). O primeiro caso caracteriza-se pelo trabalho de recuperação da memória de um sobrevivente de um evento que, do ponto de vista da vítima, “não se deixa reduzir em termos de discurso”; desse modo, o relato do testemunho é marcado pela literalização (incapacidade de traduzir o vivido em metáforas) e pela fragmentação (incapacidade de incorporar as imagens da vivência em uma cadeia contínua). Já a literatura de testimonio apresenta-se como um registro fidedigno da história, cuja materialização é, muitas vezes, o resultado de uma mediação do relato da testemunha e da compilação de documentos comprobatórios do evento narrado. Em ambas as perspectivas, pode-se entender a literatura de testemunho como a narrativa não-fictícia (o evento) em primeira pessoa (a testemunha). Esse entendimento parece colocar, de um lado, o problema epistemológico da distinção ou limites entre o ficcional e o não-ficcional, e, de outro, o da legitimidade de “testemunhos secundários”, quer dizer, não-oculares do evento, ou até mesmo “fictícios”. Neste ponto, é importante considerar o trauma ou catástrofe, o evento que está na base de toda experiência testemunhada, na perspectiva benjaminiana acerca da posição central da vivência do choque no cotidiano da sociedade moderna. A compreensão da realidade como catástrofe e da história como trauma coloca o foco nos modos de representação de um “real” que, por se constituir em uma experiência traumática, resiste, paradoxalmente, à representação. Muito mais do que retomar o clássico problema da insuficiência técnica ou da precariedade da linguagem poética, ou mesmo da impossibilidade de representação de um evento-limite único, além da compreensão humana ou histórica (viés até certo ponto dominante na reflexão da literatura do Holocausto), ou, ainda, de mobilizar os usos jurídicos e morais do testemunho (tônica dos estudos da literatura latino-americana da ditadura militar), trata-se, antes, de investigar as condições teóricas, discursivas, históricas e ideológicas de textos que se constroem a partir do paradoxo assinalado. A presente pesquisa pretende investigar narrativas de língua portuguesa em torno de eventos-limite, em particular a guerra e outras formas de violências estatal, articulando, por um viés comparatista, textos produzidos em outros sistemas lingüísticos, históricos e ideológicos, privilegiando a análise de narrativas de autores portugueses e africanos que tratam da Guerra Colonial Portuguesa e da(s) Guerra(s) de Libertação Africana dos PALOPs, incluso os conflitos armados pós-independência. |